Por: Rafael De la Torre Oliveira
Semana passada  foi noticiado e debatido em diversos veÃculos de informação sobre uma nova Lei que irá, se aprovada, proibir e institucionalizar que de agora em diante bater em criança e adolescente é crime. A questão implica diversas questões sobre o privado e o público dentro da educação de uma pessoa x ou uma pessoa y.
Dentro dos debates que consegui acompanhar, escutei alguns colegas de profissão defendendo e outros contestando a Lei como uma invasão ao privado.
Tendo a concordar com os colegas psicólogos que discordam da aprovação desta lei e explicarei os motivos que me levam a ter está tendência. Em primeiro lugar, uma Lei não vê a condição econômica do sujeito x ou y. A lei tem uma lógica de pensamento geométrico, enquanto a realidade das famÃlias brasileiras são aritméticos.
Em segundo, e o principal, é o suposto saber que pedagogos e psicólogos em geral fazem sobre a violência contra a criança e o adolescente, pois, levando por esta base de pensamento, a violência gera um trauma, que quando não tem um significado levará o individuo a ter problemas de relação social, assim, aprovando a lei da proibição, seria um bem para a sociedade em geral. Discordo.
Não foram filhos estudados nas melhores escolas e melhores culturas que colocaram fogo em um ‘’Ãndio’’ no Planalto Central? Também, os que espancaram uma ‘’doméstica’’ que estava indo para o trabalho? Que afogaram um estudante de medicina em um trote universitário, e o melhor de todos, não foram uma turma de médicos formados em uma universidade pública que para comemorarem a tamanha ‘’façanha’’ de ter conseguido se formar, o fizeram estourando fogos de artifÃcio pelos corredores de um hospital público com inúmeros pacientes em atendimento?
Uso esses exemplos para apontar que não é a falta ou soma de palmadas que deixará alguém de cometer os maiores absurdos. A realidade é aritmética e não será a falta ou soma de palmadas que definirá do que uma pessoa é
capaz. Ressalto que discordo da Lei só no ponto em que o saber psicológico se mostra superior ao que um pai ou uma mãe em suas condições podem passar para a criança, discordo quando o saber entra na famÃlia e quer a ensinar a como criar um filho, e concordo com ela que não se deve permitir a violência.
No longa 8mm, do diretor Joel Schumacher, Tom Welles, interpretado por Nicolas Cage, é contratado para descobrir se um filme que mostra uma adolescente sendo espancada e morta é verÃdico. Na obra, o personagem de Nicolas Cage vai á fundo no submundo da pornografia violenta. No decorrer, o detetive Welles consegue descobrir quem foram os tutores do que se passou com a adolescente. Um, era o magnata já falecido e que foi o homem que quis fazer o filme. Outro, um produtor de filmes de violência e um terceiro um homem comum que mora com a mãe e cuida da mesma de uma famÃlia religiosa.
A violência passa por todos no filme, do mais rico até o mais pobre. E o mais marcante no filme é que quando Tom Welles quer ver o rosto do homem que esfaqueia a menina no filme, pois ele sempre usa uma máscara de couro e atende pelo nome de Machine. Após o rosto ser revelado, Tom Welles sempre fica com a mesma dúvida: ‘’ Por quê? Porque fazem isso?’’. Simples.
O magnata fez porque pode, quem não tem mais necessidades ou não passa necessidades tem de inventar necessidades(botar fogo em um Ãndio?). O produtor de filmes faz por fetiche e um modo de ganhar dinheiro. Machine dá a resposta mais clara para o detetive Welles, após o detetive ver a face de Machine e perceber que ele é apenas um homem comum, daqueles que você sempre vê no ponto de ônibus ou lendo um jornal na praça. A resposta é: ‘’ O que esperava ver? Um monstro? Eu tenho trabalho, tenho uma boa casa. Cuido de minha mãe, não fui espancado e nunca sofri nenhum trauma na vida. Mas a realidade é que gosto de matar.’’.
Nenhum saber psicológico dará conta da realidade. A violência é apenas uma parcela da realidade, a violência é aritmética e não geométrica, como as Leis.
Ao fim e ao cabo, de toda a violência, a palmada é a única que é visÃvel. E só.
Imagens: Retirada dos Blogs: Mosaico Cultural e Fato e Ato


Parabéns pelo texto, tão delicada a questão principalmente quando a palmada está relacionada ao “educar”. Particularmente também sou contra a lei, por justamente invadir a questão privada, já esxistem parametros de proteção ao menor e ao incapaz e isto não impede de crianças serem maltratadas e espancadas.
Certo, possivelmente não veremos mais “palmadinhas” públicas, mas isto não implicará na extinção da violência contra o menor, as paredes de casa são sempre mais seguras…
Perfeito. Ótimo ponto de vista.
Buscam equalizar uma sociedade completamente desestruturada colocando os problemas de todas as naturezas “no mesmo saco”. Enquanto isso, um pai que tem, antes de tudo, a necessidade de alimentar e vestir seus filhos, agora não poderá dar uma educação que achar adequada para sua prole porque o Estado não deixa.
Agora pense bem. É melhor apanhar em casa e talvez ser educado com isso, ou “apanhar” todos os dias da televisão, dos comerciais, dos vÃcios, etc.?
No meu ponto de vista, essa é mais uma ferramenta implÃcita de controle do Estado sobre a sociedade. Ditadura disfarçada.
O mal da sociedade é o próprio ser humano.
Rafa, adorei o tema da coluna. Mas, você sabe que minha ótica acaba recaindo sob o jurÃdico, mais do que sob o foco psicológico. Independente do questionamento acerca da palmada educativa ou corretiva eu me preocupo com a invasão do Estado na minha esfera particular.
Em muitos paÃses da Europa, como na Ingletarra por exemplo, é proibida a palmatória na esfera privada, mas cá estamos a falar de Brasil…. Por isso proponho que quando o Brasil parar de se preocupar com suas crianças em situação de risco que vivem nas ruas à mercê de uma atitude estatal, quem sabe ai, neste momento, poderÃamos começar a pensar nas condições das crianças já inseridas em contextos de vidas privadas.
Se o Estado pode controlar quantas palmadas eu entendo serem suficientes para educar meu filho, será que ele pode também determinar quantos beijos eu tenho o direito de dar no meu marido, quanta atenção eu devo dar aos meus pais idosos e quantos filhos eu posso ter ao longo da minha vida fértil?
Para mim essa lei é a ponta do iceberg e eu tenho medo dos futuros limites que serão impostos ao Estado. Pode ele ou não interferir nas minhas opções? Perderemos o direito à liberdade de escolha?
Mas, pior do que isso é saber que existem tantas esferas carecendo de leis mais impositivas, como a educação destas mesmas crianças, enquanto nossos parlamentares ainda arranjam tempo para se preocupar com a palmada no bumbum do meu filhote!!!! Coitados… Tão sobrecarregados de trabalho esses pobres trabalhadores brasileiros!
Fala Rafa… mtu bom o texto e concordo contigo…
O mundo está do lado inverso…
só gostaria de citar uns versos da BÃblia q bate de frente com essa Lei!
* Provérbios 13:24: “Quem poupa a vara odeia seu filho; quem o ama, castiga-o na hora precisa.â€
* Provérbios 19:18 : “Corrige teu filho enquanto há esperança, mas não te enfureças até fazê-lo perecer.â€
* Provérbios 22:15: “A loucura apega-se ao coração da criança; a vara da disciplina afastá-la-á dela.â€
* Provérbios 23:13-15: “Não poupes ao menino a correção: se tu o castigares com a vara, ele não morrerá, castigando-o com a vara, salvarás sua vida da morada dos mortos. Meu filho, se o teu espÃrito for sábio, meu coração alegrar-se-á contigo!â€
Vamos ver agora qual será o próximo capitulo do “nossos polÃticos”.
Abs
Olá,
Estamos muito aquém de assegurar os direitos humanos para todas as nossas crianças. Por isso sou a favor da lei, acho que sua contribuição é válida:
No Brasil é proibido crianças apanharem.
Não estamos falando de palmadas educativas, a lei não trata disso. Ninguém vai processar ou proibir os pais de darem uma palmada. A lei é uma excelente prevenção de espancamentos, castigos fÃsicos e sofrimentos desnecessários e prejudiciais para o desenvolvimento infantil. Que acontecem (estão velados) exatamente no privado, no que se tem como: “cada um cuida da sua vida†ou “como cada pai sabe como educar seu filhoâ€.
Não, é para nenhuma criança no Brasil apanhar.
Abraços, Alice
Alice, pelo jeito acho que não leu atentamente sobre a proposta de lei, pois a proposta é sim punir quem utiliza a “palmada educativa” mesmo que em seu seio familiar, com seus filhos.
No que diz respeito ao excesso de força ou espancamentos, o texto no Estatuto da Criança e do Adolescente é bem claro.
Já existem leis punitivas para esses casos, o que falta na verdade é aplicar a lei.
Em vez de fazerem isso preferem criar uma lei que a meu ver é inútil (já que também não será aplicada e fiscalizada) e ainda fere outra lei que é de esfera maior, que diz respeito à invasão da privacidade que deveria ser garantida a todos os cidadãos (de bem ou não). Além de vir sobrecarregar o legidlativo que já não dá conta nem dos processos atuais.
Eu acredito na educação “à moda antiga”… sempre fui muito levado na infância e vivia levando umas chineladas. Hoje me considero uma pessoa “normal”, que teve uma boa educação, acesso a boas escolas e principalmente valores adquiridos dentro do meu lar, sem que o Estado dissesse o que meu pai deveria ou não fazer.
Não tenho traumas e nunca tive raiva de meus pais (nem quando era criança e apanhava) porque todas as vezes que levei um corretivo eu sabia porque estava apanhando e no fundo, mesmo sendo uma criança, eu sabia que eles estavam certos.
Em alguns casos uma conversa resolve, já em outros…
Acredito que o mais importante, independente de leis, é não banalizar a violência, seja na rua ou doméstica. A violência sempre esteve presente entre nós desde os primórdios e não será erradicada assim.
O importante é utilizar como último recurso e com sabedoria.
Muitas vezes um castigo imposto a um filho é muito mais traumático e menos educativo do que uma palmada.
Sou a favor da liberdade, sempre… ninguém irá dizer como educar meu filho.
E se a lei for aprovada eu irei descumpri-la sem o menor pudor, pois num paÃs onde filhos de juÃzes queimam um Ãndio em praça pública, não são esses juÃzes que me ensinarão a educar um filho.
Também acho que só seria cabÃvel esse tipo de discussão a partir do momento em que as crianças de rua, sem lar, tivessem todos os seus problemas sanados. Um absurdo querer “melhorar” a educação de quem tem famÃlia e um lar enquanto grande parte das crianças não tem educação alguma e muitas adorariam ter um lar e uma mãe que lhe desse umas palmadas, pois sabemos que depois da palmada vem a carÃcia.
Sou contra a lei.
Rafael Lott.
necessario verificar:)