Texto e foto: Álvaro Perazzoli
Não venho aqui seduzir o normal e tampouco acariciar a realidade. Quero é violentar a consciência e masturbar a sanidade.
Não tenho quarenta, não tenho vinte, tenho pouco mais de trinta.
Vivo como fotógrafo, mas nasci jornalista. Meu trabalho é ressuscitar os poetas malditos nos cadáveres pútridos dos homens românticos.
Sou mulato quase branco, e negro quase livre. Tenho São Paulo, mas não sou paulistano. Tenho o Brasil, mas sou mundano.
Não tenho religião, sigo a energia da razão. Na minha igreja os padres curram os pastores e as freiras se masturbam com crucifixos sob a imagem de Iemanjá. Não tenho fé e não tenho amor, tenho instinto e fome, muita fome.
Na dualidade entre o racionalismo e a emoção, prefiro me distanciar e agir como um animal.
Também não vim questionar a privação dos reprimidos para construir uma nova sexualidade. Sou um mero contestador do pudor moral, cívico e espiritual.
E nesse meu corpo quem tateia são as vísceras bukowskiana, quem respira são as úlceras de Blake, quem escreve é a diarréia de Hunter Thompson sob a regência do câncer anarquista que um dia infestou o cu de Carlos Careqa.
Troco seu amor por nosso ódio, pois na fúria da nossa raiva seu sexo será violado pela dor do prazer.
Sim, prazer, muito prazer!


Desnorteante e me remeteu ao Satyros (Companhia de Teatro).