Há fantasmas nos meus sonhos

Postado no dia: 23 de April de 2014 por Ãlvaro Perazzoli em Arte, Contracultura, Fotografia

Texto e foto: Ãlvaro Perazzoli

Na pintura, na fotografia, na escrita, na dança, no desenho, na música ou em qualquer criação que transcende a razão se faz necessário incorporar alguns personagens para atingir alguns lugares. Impossíveis serem alcançados sendo nós mesmos na esfera realista.

Alguns usam drogas, outros meditam, outros buscam nos mais diversos elementos físicos ou subjetivos o portal para saírem de si mesmos e encontrarem-se em um plano ou dimensão incomum.

Plano que pode ser chamado de arte, loucura, ilusão, sonho, brisa, viagem, torpor, transe, incorporação ou qualquer outra coisa que sua razão, conhecimento e busca queiram dar. Alguns se perdem nessa busca e fazem do vício um refúgio dos seus monstros.

Particularmente nunca soube ao certo o que sou quando acesso meus demônios ou dialogo com meus anjos.  Hora sou morte, hora sou vida, hora sou apenas o não tempo.

O não correr do ponteiro que freneticamente se move, o não pingar da torneira mal fechada, o não raiar da luz na janela mal aberta.

Quando se apaga toda a escuridão um branco intenso preenche o vazio. O nada torna-se apenas a ausência do tudo e o tudo vira um grandioso nada. Então percebemos que o tudo é a não falta e o nunca deixar de ter é mais solitário que o vago insólito. Só e tão triste.

Então os realistóides arrancam nossos frutos com a mesma facilidade que deixam de acreditar no pote de ouro no fim do arco-íris e na vida eterna do coelho de Alice.

Descobrirão eles que são grandiosos frutos de um aprisionamento do próprio imaginário? Querem mesmo eles moldar os próprios sonhos no material e condenarem sua vida no suposto real?

Sonhem crianças, mas, por favor, sonhem sem me acordar.

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